Arquitetura nordestina: histórias e características

Arquitetura nordestina

Arquitetura nordestina é a memória expressada em linguagem. Logo, é uma fonte preciosa de comunicação, pois explica as escolhas estéticas utilizadas para lidar da melhor forma com o clima de uma região. Conhecer essa história de azulejos, platibandas e modernismo é um convite para um passeio pelo passado profundo do Brasil.

Então, você deseja iniciar uma viagem pela arquitetura nordestina? Continue por aqui e visite conosco, ainda que na imaginação, o Nordeste brasileiro. Observe os elementos históricos responsáveis pela influência na arquitetura dessa região, sendo extremamente variada.

Confira as particularidades de combinações, cores e texturas nesse rico repertório espalhado por nove estados.

O impacto da história brasileira na arquitetura do Nordeste

Muitos prédios, principalmente, igrejas, mosteiros, praças e ruas, datam da época em que o Brasil foi colonizado majoritariamente por portugueses. Além disso, vários outros povos, como holandeses, judeus, ingleses, franceses, árabes, espanhóis, russos e africanos deixaram suas marcas na arquitetura brasileira.

O Nordeste foi a região onde o processo de colonização começou no país. A partir de sistemas de economia, começando pela agricultura de plantação da cana-de-açúcar, uma nova sociedade tomava corpo e era expressa nas casas coloniais, na azulejaria portuguesa e em muitos aspectos, como a culinária e outros hábitos.

A arquitetura, então, foi um ponto de convergência importante. Ela explica a história brasileira de um modo prático, a partir das belezas estéticas materializadas em cores, texturas e maneiras de construção e organização espacial.

O diferencial da arquitetura nordestina

É justamente por agregar tantas outras culturas, que encontraram nos microclimas nordestinos novos modos de disposição, que a arquitetura dessa região se destaca. Imagine as soluções pensadas para adaptar ao calor um estilo de construção europeia, que vem de um contexto de clima frio e isolamento térmico.

Em nosso passeio, encontraremos a diversidade de padrões da azulejaria portuguesa, as combinações infinitas da gramática das platibandas da arquitetura popular e a adaptação do concreto e janelas em fita do modernismo da escola do Recife.

Nessa “viagem”, há o acontecimento de uma riqueza que cada vez mais tem sido visualizada e prestigiada no universo da arquitetura e de estilos decorativos. Estamos falando da arquitetura popular brasileira, que congrega heranças surgidas em um ambiente onde a necessidade prática produziu belezas estéticas em forma de cores e texturas, como a casa de taipa.

Os azulejos na arquitetura do Nordeste

Iniciamos a primeira parada, e é na azulejaria portuguesa expressa nos sobrados coloniais, igrejas e mosteiros. Em Recife e Olinda, em Pernambuco, é possível encontrar uma vasta coleção de azulejos que datam dos séculos XVII e XVIII. O Convento de São Francisco, localizado no sítio histórico de Olinda, mostra os tons de azul que retratam cenas bíblicas sobre a cerâmica branca.

Os azulejos são objetos decorativos muito utilizados em cozinhas, fachadas e até como pequenos quadros ou em bancadas. Mas, além disso, seu uso se tornou popular no Nordeste devido ao conforto térmico que proporciona. Em São Luís, no Maranhão, há cerca de 4 mil prédios que representam a arquitetura colonial portuguesa, em que é possível visualizar uma rica variedade desses azulejos.

A azulejaria começou a adornar igrejas, no fim do século XVII, e depois, casas, no século XIX. Vindo diretamente de Lisboa, em Portugal, os painéis também ilustravam costumes da época colonial. Por isso, são uma fonte importante de pesquisa histórica. Seu material durável e brilhoso oportuniza ótimos pontos focais para levar cor ao projeto.

A gramática das platibandas na arquitetura popular

Você sabe o que são platibandas? Se não, provavelmente, já deve ter visto algumas delas em filmes, viagens ou no dia a dia. Elas são a parte mais alta da fachada de uma casa, servindo para ornamentar os imóveis de tradição colonial. Também tinham a função de evitar a caída de águas da chuva nas ruas e esconder o telhado.

É importante destacar que o que marca a casa colonial brasileira é o traçado regular e a construção que cobre todo o lote. Dessa forma, as fachadas contemplam todo o limite do terreno. Esses imóveis têm uma extensão de profundidade muito grande. Podem ser divididos, conforme a classe econômica, em casa térrea e sobrados (esses últimos, para quem tinha mais posses).

Dessa forma, as faixas que adornam as casas têm influências variadas e, conforme as épocas de riqueza econômica, em razão das monoculturas do Nordeste, também variam seus adornos, que dialogam com estilos neoclássicos, art nouveau, gótico e maneirista. Elas se tornaram muito populares a partir da década de 1920 e início da década de 1930.

No interior das cidades do Nordeste, também é possível encontrar formas mais sofisticadas em prédios públicos. Assim, esculturas, azulejaria, conchas barrocas, arcos, signos de independência e liberdade e até conchas barrocas. Muitas platibandas, de acabamento artesanal, têm em seu adorno o ano da construção da casa.

O modernismo da escola do Recife

O modernismo é um estilo que teve manifestações em muitas áreas e inaugurou uma nova maneira de perceber o mundo. Na arquitetura, o enxugamento das formas a partir de linhas retas, do uso de concreto armado, do aço e de janelas em fita figuram como características do estilo moderno.

O modo como a arquitetura moderna foi expressa no Recife tem algumas singularidades que o identificam regionalmente. Dessa forma, a estética foi adaptada ao clima, com muito verde nas fachadas e peitoril hiperventilado.

A ideia de casa suspensa também foi utilizada, assim com o uso de cobogós. Esse último surgiu na década de 1920, no Recife, e tem origem árabe. Ele é inspirado nos muxarabis, estruturas vazadas de madeira com a função de fechar ambientes internos.

Então, o passeio pela arquitetura nordestina, neste texto, produziu um desejo de vivê-lo para além de uma leitura? Sentir o clima, a presença das casas, prédios, ruas e praças é uma ótima ideia de viagem. Por outro lado, há outras formas de trazer essa paisagem multicultural de texturas para o seu lar. Uma boa decoração com quadros, cores e objetos, por exemplo.

Se você está querendo juntar uma turma de amigos para descobrir o melhor do Nordeste ou pensar em trocar ideias de decoração com esse repertório, aproveite e compartilhe este texto nas suas redes sociais.

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