Cases de neuroarquitetura: aprendendo na prática

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Agora que já sabemos um pouco mais sobre a importância da neurociência aplicada à arquitetura (se você começou a nos acompanhar hoje, recomendamos que leia sobre neurociência aplicada à arquitetura e como nosso cérebro interpreta as cores), é hora de ver como ela pode ser aplicada na prática! Para isso, a Roca Cerámica reuniu alguns cases de sucesso, que usam os conhecimentos de neurociência e as variáveis ambientais a seu favor, sempre visando um projeto que garanta bem-estar, conforto e felicidade. Confira!

1) Salk Institute: projeto de Louis Kahn

Talvez você já tenha ouvido falar de Jonas Salk, quem inventou a vacina de poliomielite. Mas você sabia que ele também foi uma das primeiras pessoas a falar abertamente sobre como um ambiente é capaz de influenciar nas emoções? Isso porque, na década de 1950, Salk foi à Itália e afirmou que toda vez que estava na Basílica de São Francisco de Assis, se sentia mais criativo e inspirado.

Ciente de que a arquitetura da basílica de alguma forma o estimulava, Salk buscou o arquiteto Louis Kahn para retratar, de alguma forma, a aura daquele local. Assim, em 1962, foi fundado o Salk Institute, destinado a pesquisas de biologia molecular, genética, neurociência e biologia de plantas, na cidade de La Jolla, na Califórnia.

Composto por duas estruturas simétricas – entendidas pelo cérebro como agradáveis – separadas por um pátio vazio em que se encontra um espelho d’água linear, direcionando o olhar para o oceano, o Salk Institute valoriza a iluminação e ventilação natural, assim como da vista, para criar um espaço pensado para o bem-estar e concentração. Sem dúvidas seu pátio é um dos destaques, todo de mármore travertino, capaz de refletir o sol – junto ao espelho d’água – e proporcionar uma experiência única.

O Salk Institute ainda conta com um pátio com árvores frutíferas, trazendo o verde para perto da construção – mais um exemplo de como a biofilia foi incorporada em todo o projeto.

2) Azulik Tulum: projeto de Roth-Architecture

Falar sobre Azulik é falar sobre uma experiência. Localizado em Tulum, no México, e idealizado pelo escritório Roth-Architecture, o centro interdisciplinar inclui um resort que prega contato total com a natureza, usando os princípios da biomimética – palavra que vem do bio (vida) e mímesis (imitação), ou seja, é uma área da ciência que observa a natureza e suas estruturas biológicas, buscando reproduzir suas soluções em outras áreas, como a arquitetura.

Composto por chalés que se integram completamente com a natureza que o cerca, o Azulik traz as formas orgânicas para a arquitetura, com um forro que evoca, inclusive, o desenho das folhagens. Tudo feito artesanalmente com materiais regionais – como a madeira Bejuco, típica do local – que se mesclam com superfícies sinuosas de cimento.

Como casas na árvore, os chalés são construídos no alto e se conectam através de pontes e caminhos entre as árvores, privilegiando a vista. Assim como na natureza, não existe um caminho único e tudo se conecta de forma muito harmoniosa.

Todo o projeto foi pensado para um reencontro com a natureza e seu entorno, visando bem-estar. Assim, a iluminação natural também tem papel primordial – durante a noite, os espaços são iluminados apenas por velas, sem o uso de eletricidade. 

Exemplo de um resgate dos primórdios das moradas, esse projeto não deixa de lado a tecnologia e sustentabilidade, tudo em busca do bem-estar de quem ali se hospeda.

3) Amazon: projeto de NBBJ

Outro exemplo notável, o escritório da Amazon, em Seattle, foi projetado pelo NBBJ e traz a biofilia para o ambiente de trabalho. Apesar de estar inserido no meio de uma grande cidade, o projeto conta com edifícios, praças e espaços abertos ao público, que se conectam, criando um bairro. O grande destaque, porém, está em suas estruturas em forma de esfera, que recriam um ambiente de floresta.

Todas de vidro, as esferas contam com um jardim botânico com mais de 400 espécies, de florestas de alta atitude dos cinco continentes. Junto com elas, muita  luz natural e paredes verdes vistosas ajudam a criar a sensação de uma selva, com todo seu frescor. Com 6.224,50 m², essas esferas são abertas aos funcionários e contam com diversos mobiliários que também evocam o natural – como bancos em formatos de ninho, terraços com banquetas e cadeiras, e outras soluções que permitem o encontro e trabalho em meio à natureza.

A luz natural é a grande protagonista, somada a natureza para proporcionar um ambiente mais leve e criativo.

4) Apple:  projeto de Foster + Partners

Projetar espaços que garantam conforto e bem-estar também foi a preocupação do escritório Foster + Partners, a frente da criação do edifício sede da Apple, na Califórnia. Mais uma vez, o cuidado com a iluminação, o uso de formas orgânicas e os conceitos de biofilia aparecem.

Com o prédio principal chamado de Ring – ou anel, em bom português – a arquitetura é toda circular e conta com fachadas de vidro, que garantem o contato com o exterior e com a luz solar. A circulação é aberta e facilitada, criando ambientes conectados e que favorecem o trabalho colaborativo. Outro destaque é a floresta que o cerca, com 9 mil árvores locais e resistentes ao clima da região.

E afinal, o que todos esses projetos têm em comum?

É interessante pensar como esses quatro exemplos de sucesso trazem a natureza como protagonista – desde sua inspiração, até na forma como as áreas de uso são moldadas. Isso mostra como conceitos como biomimética e biofilia são importantes para a arquitetura, especialmente quando se pensando em projetos que privilegiam o bem-estar humano – principal propósito e desafio da arquitetura.

Por aqui, acreditamos que mais projetos como esses podem sair do papel, especialmente quando embasados nos testes que a neurociência nos permite fazer, exponenciando o foco ao bem-estar. Por isso, continue nos acompanhando e não perca os conteúdos exclusivos!

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